“Só podemos amar ali onde suportamos perder” Ana Suy
“Só podemos amar ali onde suportamos perder” Ana Suy
Essa frase pode parecer emblemática para aqueles que acreditam que o amor traz completude, que a vida será completa ao lado de quem que se ama, na companhia de um outro que dê significado para ela. A verdade, é que essa história de completude é uma grande furada, pois nada na vida nos completará totalmente. Somos seres da falta, sempre desejamos mais do que temos, quando satisfazemos um desejo, logo outro se engatilha.
Não pensem que ser faltante é ruim! Só a falta pode fazer movimentar o desejo, afinal, o que já temos não precisamos desejar. Nesse sentindo, o desejo movimenta a vida e a falta é a peça fundamental para que isso ocorra. Um filho, o carro do ano, o trabalho dos sonhos, o belo marido ou a bela esposa, nada tem esse poder de completar, ou de realizar plenamente. É fato que, concretizar experiências como estas, nos farão felizes, realizados (parcialmente), mas logo em seguida já buscaremos novos objetos de desejo.
O que seria a vida senão este constante realizar-se e frustrar-se? O que mais teríamos para fazer se nosso primeiro objeto de amor nos satisfizesse por toda a vida? Me parece, que a consequência disso, seria no mínimo danosa, pois ficaríamos tão restritos a uma coisa só que além de dispensar a oportunidade de conhecer outras possibilidades, seria excessivo e todo excesso tem lá seus problemas.
Portanto, para amar de fato alguém é preciso que o desejo opere nessa relação e se o desejo opera, a falta também estará lá. Então, só o possível “[...] amar ali onde suportamos perder”.